quinta-feira, 29 de novembro de 2018

A Filosofia Humanista

A resposta à pergunta: "O que é o ser humano?" gera conflito desde que o Homem é Homem. Já dizia o filósofo Nietzsche: "O Homem é um ser que nunca se define".  


As respostas a esta questão foram do Mito à Razão. Inicialmente tiveram como base a imaginação, explicação mitológica. Posteriormente começou a dar se lugar à razão através da filosofia, onde vários filósofos refletiram e expressaram as suas conclusões perante este assunto. Destes filósofos, os que mais se destacaram foram os que defendiam o Humanismo (Aristóteles, Sócrates, etc.).  
                                              
O Humanismo procura o melhor nos seres humanos e para os seres humanos, sem se servir da religião, valorizando o Homem acima de tudo, e abrindo assim portas para um estudo mais aprofundado deste ser. A filosofia Humanista ofereceu novas formas de reflexão sobre as artes, as ciências e a política, revolucionando o campo cultural e marcando a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna.


O Humanismo


Assim sendo, estes filósofos conhecidos como filósofos humanistas concluíram diferentes designações para o ser humano, com significados respetivamente distintos, tais como:

  • "Zoon Logon Echon" (Aristóteles): significa que o ser humano é um ser/animal dotado de fala/linguagem e pensamento/razão. Muitas vezes esta definição é traduzida para “animal dotado de razão”, mas a mais indicada é “vivente dotado de palavra”;

  • "Zoon Politikon" (Aristóteles): significa que o ser humano é um “animal político”/“ser social e político”, isto é, o Homem torna-se Homem vivendo em sociedade regida por leis/costumes (vivência num contexto social);

  • "Homo Oeconomicus" (teorias economistas do século XIX e inícios do século XX): definição de ser humano centrada nas duas funções elementares exercidas por todo e qualquer indivíduo: consumo e produção;

  • "Homo Faber" (filósofo Henri Bergson): designa o ser humano pela sua capacidade de fabricar, a partir do que a natureza lhe oferece, os utensílios indispensáveis à manutenção da vida;

  • "Homo Laborans" (Hannah Arendt, na obra “A condição humana”): define o ser humano como trabalhador, designação semelhante à anterior mas vai para além desta, designa também a elaboração e a modificação do meio pelo Homem.


Para além destas conclusões filosóficas, já outras foram elaboradas, tendo por sua vez como base a ciência. No entanto continua a ser um trabalho difícil definir o ser humano devido à sua grande complexidade.

Então e tu? Como defines o ser humano?


- Mariana Oliveira 12ºA

A Influência da Cultura


Menino Índio 
A cultura é a característica principal na sociedade pois é a partir dela que distinguimos um país do outro. Os costumes, a música, a arte e o modo de agir e de pensar fazem parte da cultura de um povo e devem ser preservados para que nunca se percam as raízes, isto é, a singularidade de cada comunidade. A palavra cultura deriva do latim colere, que significa cultivar, visto isto percebemos que a cultura é uma herança que nos deixam e que temos de preservar e se possível fazer crescer. Cada pessoa tem os seus valores culturais que o leva a expressar de uma forma especifica e esses valores são passados de geração em geração e vão melhorando para as futuras gerações. Ao longo do tempo a cultura foi dividida em várias categorias. Como por exemplo:   
  • Cultura segundo a filosofia: corresponde a um conjunto de manifestações humanas, interpretação pessoal que levam a realidade;  
  •  Cultura segundo a Antropologia: um conjunto de aprendizagens desenvolvias pelo ser humano; 
  • Cultura popular:  algo criado por um determinado grupo de pessoas (por exemplo: musica, arte, literatura, etc.).  

Ao reunirmos as categorias chegamos à conclusão que tudo o que somos, a nossa vivencia, a nossa crença e a forma como agimos tem como base a nossa cultura.               
Diferença Cultural no Mundo
A cultura influência tudo, quem nós somos e como lidamos com os outros. Logo somos influenciados pelos costumes e estes fazem parte da nossa cultura e da nossa história.

Telma Pinto  

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O mito de Prometeu

Prometeu, na mitologia grega, é um titã, filho Jápeteu e Tétis. Segundo Hesíodo foi dada a Prometeu e a seu irmão Epimeteu a tarefa de criar os homens e todos os animais. Epimeteu encarregou-se da obra e Prometeu de supervisioná-la. Na obra, Epimeteu atribuiu a cada animal dons variados como coragem, força, rapidez; deu também asas a uns, garras outros, etc. Porém, quando chegou a vez do homem, fez-lo do barro, mas como Epimeteu gastou todos os recursos nos outros animais, recorreu a seu irmão Prometeu para o ajudar a atribuir uma caraterística aos Homens. Então Prometeu roubou o fogo dos deuses e deu-o aos homens. Isto fez com que os Homens fossem superiores aos outros animais. Todavia o fogo era exclusivo dos deuses e Zeus não ficou muito satisfeito com o que Prometeu tinha feito. Como castigo, Zeus ordenou a Hefesto que o acorrentasse no cume do monte Cáucaso, onde todos os dias uma águia rasgava o seu fígado que, todos os dias, regenerava-se. Esse castigo devia durar 30 000 anos mas Prometeu foi libertado do seu sofrimento por Hércules que, havendo concluído os seus doze trabalhos, se dedicou a aventuras. No lugar de Prometeu, o centauro Quíron deixou-se acorrentar no Cáucaso, pois a substituição de Prometeu era uma exigência para assegurar a sua libertação.



Pedro Pacheco 12°A


quinta-feira, 22 de novembro de 2018

A irracionalidade da nossa racionalidade


Desde sempre que nos ensinaram que o Homem é um ser racional, tal como afirmou Aristóteles. No entanto, à medida que vamos crescendo apercebemo-nos que certas das suas atitudes não espelham com muita clareza a sua racionalidade.
Sempre foi conferida ao ser humano a capacidade de usar a razão e de tomar decisões com base na deliberação, mas, por vezes, tal como os animais, o Homem responde a um certo instinto, pondo totalmente de parte a sua racionalidade. São inúmeros os exemplos que comprovam a afirmação acima referida, que se encontram até documentados na história, tais como: os eventos que causaram a segunda guerra mundial; e se quisermos recuar ainda mais os acontecimentos que ocorreram na Revolução Francesa.
A Revolução Francesa foi considerada na história como a catapulta para o início do Iluminismo (idade da razão), mas nesta revolução foram tomadas decisões desumanas. Milhares de nobres foram executados na Guilhotina (incluindo crianças), alguns apenas com a acusação de serem meramente nobres. Estas execuções foram autorizadas pelos Iluministas da época. Portanto, acho que será natural que nos perguntemos se o Homem é um ser completamente e indubitavelmente racional.


Na atualidade, o Homem continua com ações que nos levam a pensar se será mesmo 100% racional, tais como os crimes hediondos com que nos deparamos diariamente (homicídios, violações, etc.).
Para concluir, seria importante salientar que apesar de muitas das nossas atitudes não se espelharem em nada com a utilização da razão e da ponderação, também existem as que as comprovam. Portanto, podemos afirmar que o Homem é um animal que tem a possibilidade de refletir e de ser racional, embora nem sempre o faça.



Ana Rita Monteiro, 12ºA

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Auto-Realização


   É um termo que tem sido usado em diferentes teorias psicológicas, muitas vezes de maneiras diferentes. Como a própria palavra diz, está relacionada com o desenvolvimento pessoal, ou mais especificamente, com o desenvolvimento total das capacidades de cada um, de descobrir todo o seu potencial.
  O conceito auto-realização destacou-se mais em Abraham Maslow, com a hierarquia das necessidades, cujo termo  está no topo da pirâmide, que é o momento da vida em que se torna “completamente humano”.




  Para chegar a tal etapa, é necessário passar por várias antes, tal como as necessidades básicas (ex:alimentação, proteção, estabilidade...)de cada um, que é basicamente o que todos precisam para sobreviver, e também as necessidades psicológicas (ex:auto-estima, aceitação,...).  Mas alcançar um estado de verdadeira auto realização é raro na sociedade de hoje em dia, visto que damos muita importância à aceitação e reconhecimento social, aos “trends” (andamos sempre em cima das tendências),ficando parados nesse parâmetro. Tal realização pessoal é muito difícil, visto que temos de não só aceitarmo-nos como somos, descobrir quem realmente somos e o que conseguimos alcançar, mas também aceitar os outros como são.
  Chegar ao ponto de auto-realização pode ser muito libertador, pois pessoas auto realizadas tendem a ser abertas, espontâneas, independentes e autónomas, desfrutam de todo o momento, não vêm as coisas simplesmente como um meio para um fim. E provar a si próprio que é capaz, não existe melhor, pois no fim o verdadeiro julgamento é nosso.

Carla Silva, nº6









terça-feira, 20 de novembro de 2018

Mito e Razão

Os mitos são encarados como imaginações originadas de tempos arcaicos e na atualidade algo desvalorizado pois agora existem métodos racionais de estudo e análise. Entendemos o mito como mera literatura mas foi preciso primeiro fazer ficção para chegar a realidade. 
  O mito foi criado para explicar fenómenos, logo a mitologia foi um conjunto de narrativas que foram passando de geração em geração.
  A razão e a ciência não é um "desmarcador" de mitos e substituto do pensamento mítico, mas pode ser capaz de reconhecer sua atualidade. A razão, com suas descobertas, esvaziou os céus, antes povoados de deuses, a sociologia e a psicologia descobriram forças que se impõem ao pensamento e à vontade humana, e portanto, atuam e se manifestam de modo autónomo.
  Portanto, a passagem do mito a razão foi a mudança pensamento dos povos que começaram a questionar os mitos e a existência de criaturas sobrenaturais para a utilização do pensamento através da razão como fonte de conhecimento.

Luís Lima 12º A



Époche


  Époche é uma palavra que provém do grego antigo e significa pausa, interrupção, suspensão do juízo. Este conceito era praticado por alguns filósofos céticos que rejeitavam fazer qualquer tipo de negação ou afirmação sobre algo. Tomemos como exemplo uma flor branca, estes filósofos não poderiam dizer “A flor é branca” ou “A flor não é branca”. Concluindo, aquele que pratica a époche não julga nem avalia.
  A meu ver esta prática deveria ser utilizada por todos os seres humanos, acabando assim com preconceitos, racismos e desavenças. Nos dias de hoje, como sabemos, existe muito preconceito para com pessoas de diferentes religiões, culturas, cor de pele ou até mesmo preconceito pela maneira de se vestirem ou estarem relacionados a alguém que fez algo de errado. Não podemos julgar uma pessoa e avaliá-la no momento em que a conhecemos apenas por ter características diferentes das nossas, devemos interromper o nosso juízo e deixar essa pessoa dar-se a conhecer e aí sim fazermos as nossas avaliações. Para o ser humano o sentimento de pertença e aceitação é uma necessidade psicológica social muito importante e que está presente na Pirâmide de Maslow, mas quando existe alguém que nos julga sem sequer nos conhecer, pois não suspendeu o seu juízo, esse sentimento de pertença na sociedade quase que desaparece.
  Para terminar, este tipo de comportamento não permite que haja contacto e respeito entre seres humanos, então o melhor caminho é praticar a époche para todos sentirem que fazem parte de algo nesta sociedade.               



                                                             


"Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las." Madre Teresa de Calcutá 







Margarida Fernandes, Nº14         

domingo, 18 de novembro de 2018

Reconhecimento Social

Teoria do Reconhecimento é um conceito social filosófico onde o termo "reconhecimento", traduzido do alemão Anerkennung, transpõe o sentido de percepção cognitiva é abordado como uma necessidade de obter respeito nas relações intersubjetivas.






“As duas coisas que as pessoas querem mais do que sexo ou dinheiro são o reconhecimento e o elogio.” Mary Kay Ash






   O reconhecimento é um fator que cada vez mais se acentua nas nossas vidas, isto é, cada vez mais as pessoas fazem escolhas a pensar no quão "reconhecidas" vão ficar por ter feito tal coisa. Um exemplo disso são os recordes do Guinness, onde pessoas tentam quebrar os recordes não só para realização pessoal mas também pelo reconhecimento que vão receber com isso. Tal como acontece em vários Reality Shows onde as pessoas chegam a se humilharem para obterem reconhecimento, fama.
   A opinião das pessoas, também nos influencia,consciente e inconscientemente, nas nossas decisões. Um caso claro onde tal acontece é na moda, somos influenciados por celebridades sem nem nos darmos conta, pois tendemos a "copiar" alguém que admiramos, tal acontece com as Kardashians, que são, hoje em dia, consideradas umas das maiores influencers a nível mundial.

O grande problema é que o querer reconhecimento é tão excessivo que as pessoas deixam de fazer as decisões pelo que elas querem mas sim pelo reconhecimento que terão. E não podemos deixar que assim continue, temos que corrigir o pensamento das pessoas, pois o mais importante e verdadeiro reconhecimento virá de nós.

Mas, é claro,que nem todos pensamos assim, nem toda a gente age apenas para o reconhecimento, assim como Van Gogh, que durante toda a sua vida vendeu apenas um quadro a um amigo e mesmo assim, não tendo reconhecimento, não desistiu e agora as suas obras valem centenas de milhões de euros.

Liliana Macedo, Nº12

Conhecimento

A palavra conhecimento vem do latim “cognoscere” e significa o ato ou efeito de conhecer. No conhecimento temos dois elementos básicos: o sujeito (cognoscente) e o objeto (cognoscível), o cognoscente é o indivíduo capaz de adquirir conhecimento ou o indivíduo que possui a capacidade de conhecer. O cognoscível é o que se pode conhecer. O tema "conhecimento" inclui, mas não está limitado a descrições, hipóteses, conceitos, teorias, princípios e procedimentos que são úteis ou verdadeiros. O estudo do conhecimento é a gnoseologia. Hoje existem vários conceitos para esta palavra e é de ampla compreensão que conhecimento é aquilo que se sabe sobre algo ou alguém. O conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou como um produto. Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, ideias e conceitos, o conhecimento surge como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um processo, podemos então olhar o conhecimento como uma atividade intelectual por meio da qual é feita a apreensão de algo exterior à pessoa. 
Existem vários tipos de conhecimento: 
--Sensorial/sensível:É o conhecimento comum entre seres humanos e animais. Obtido a partir de nossas experiências sensitivas e fisiológicas (tato, visão, olfato, audição e paladar). 
--Intelectual:Trata-se de um raciocínio mais elaborado do que a mera comunicação entre corpo e ambiente. Aqui já pressupõe-se um pensamento, uma lógica. 
--Vulgar/popular:É a forma de conhecimento do tradicional (hereditário), da cultura, do senso comum, sem compromisso com uma apuração ou análise metodológica. 
--Científico:Preza pela apuração e constatação. Busca por leis e sistemas, no intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando. Não se contenta com explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na metodologia e na racionalidade e é fundamental uma análise no processo de construção e síntese. 
--Filosófico:Mais ligado à construção de ideias e conceitos. Busca as verdades do mundo por meio da pesquisa e do debate; do filosofar. Portanto, de certo modo assemelha-se ao conhecimento científico - por valer-se de uma metodologia experimental. 
--Religioso/teológico:Conhecimento adquirido a partir da fé teológica, é fruto da revelação da divindade. A finalidade do teólogo é provar a existência de Deus e que os textos bíblicos foram escritos mediante inspiração Divina, devendo por isso ser realmente aceitos como verdades absolutas e incontestáveis. 

João Silva Machado

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Eu não sou como os outros!


Eu não sou como os outros!

(…) A partir de um bebé inconsciente, inacabado, fomos, pouco a pouco, fabricados por todos os contributos do mundo que nos rodeia. Lançando mão de todos os recursos, devorando tudo, desenvolvemo-nos sem preocupações, às cegas, empanturrados de papas, de conselhos, de bandas desenhadas, de afecto, de repreensões e de televisão.

Chega então a idade em que olhamos para nós próprios: quem é este ser em que me transformei? O que é que ele vale?
(…) Vemo-nos ao espelho (…) Serei belo? Serei inteligente?

A resposta a estas perguntas lancinantes é: diferente dos outros. Eu não sou como os outros. É claro, porque o meu património genético, fruto de uma dupla lotaria, é único; como o é única a aventura que vivo.

O que tenho em comum com todos os outros é o poder de, a partir do que recebi, participar da minha própria criação. (…) E para isso contribuíram os meus pais, cujos óvulo e espermatozóide continham todas as receitas de fabricação das substâncias que me constituem. E a minha família, pelo alimento, pelo calor, pelo afecto, que me permitiram crescer e estruturar-me. E a escola que me transmitiu conhecimentos acumulados pela humanidade desde que esta procura conhecer-se e conhecer o universo. E todos os que me amaram, com o seu insubstituível amor.

Mas sou eu que tenho de concluir a obra, que tenho de colocar a trave mestra. Esqueçam o modelo que gostariam que eu fosse. Não sou obrigado a realizar o sonho que imaginaram para mim; isso seria trair a minha natureza de homem.~

Para que eu seja verdadeiramente um homem, devem oferecer-me mais uma coisa: a liberdade de vir a ser o que escolhi.

A. Jacquard, O Meu Primeiro Livro de Genética

Biologia e Cultura


É evidente que o conceito de homem é um conceito cultural, que tem necessidade de uma linguagem para ser formulado e que está sujeito a grandes variações segundo as culturas e mesmo segundo as teorias biológicas. Mas, não é menos evidente que as culturas onde se forma o conceito de homem são parte integrante na organização social de um ser biológico, sempre o mesmo nos seus caracteres fundamentais de bípede com um cérebro grande, a que podemos chamar Homem.

E. Morin, Philosopher

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Recém-nascido é ser humano?

Determinar quando se dá o inicio de uma nova vida é uma das questões mais conflituosas da atualidade. Ao redor desse enigma gravitam grandes dilemas éticos, como a questão do aborto. Perante esta questão a maior parte das pessoas corre para campos opostos- fé ou ciência.

Para a Igreja, é no momento da fecundação. Mas para os cientistas as respostas vão da terceira à vigésima quarta semana de gravidez.

A psicologia porém tem uma ideia distinta de todas as outras áreas, uma vez que os conceitos vida e ser humano não são tao superficiais como parecem. Para compreendermos melhor esta ideia temos primeiro de perceber o que faz com que um individuo possa ser chamado de ser humano.

O Homem é caracterizado como um ser multideterminado, ou seja, além das características biológicas herdadas, ele tem a capacidade de se adaptar a diferentes situações/ambientes de modo a garantir a sua sobrevivência. Ser racional (seres animados), a linguagem e as relações sociais são outras das características que nos distinguem de outros animais, as primeiras desenvolvidas pela capacidade mental e a ultima pela forma como o Homem se relaciona com os outros seres. De forma breve um ser vivo que possua um conjunto de necessidades, mais ou menos complexas, e possua todas as outras características já abordadas é Ser humano.

Ora o ser humano, quando nasce, é um ser imaturo, dependente durante muito tempo dos adultos (para se alimentar, para ser protegido, enfim, para sobreviver). Precisa de cuidados dispensados nos primeiros anos de vida pelos pais, ou outros cuidadores, para poder sobreviver seja física ou psiquicamente. Tendo por base tudo isto, podemos concluir que até atingir determinadas capacidades, aos olhos da psicologia, um bebé não é considerado ser humano.  

Rosa Gomes

A teoria da aprendizagem social


A aprendizagem social é algo mais do que uma aprendizagem que tem lugar na sociedade.(...) Num sentido amplo, todas as nossas aprendizagens são aprendizagens sociais, mediadas culturalmente, na medida em que se efectuam em contextos de interacção social: nas relações familiares, na escola ou nas situações laborais e profissionais. (...) Comportar-se em sociedade requer não só dominar certos códigos de intercâmbio e de comunicação cultural, como dispor de certas capacidades para lidar com situações sociais conflitivas ou não habituais.(...) A teoria da aprendizagem social de Bandura desenvolve a ideia (...) de que a modelagem se produz de forma contínua na nossa vida social, de forma mais implícita que explícita, e conduz tanto à aquisição de comportamentos novos, quer desejáveis, quer indesejáveis, como à desinibição de outros.

Municio, I., Aprendices y Maestros

De onde vem a violência?


















Os cientistas entram em conflito: o homem é violento por natureza ou a sociedade é que o faz assim?

super interessante

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Não nascemos humanos?


Na verdade, o comportamento, no homem, não deve à hereditariedade específica uma parte tão importante como nos outros animais. O sistema de necessidades e de funções biológicas, legado pelo genótipo, na ocasião do nascimento, aparenta o homem a qualquer ser animado, sem o caracterizar nem o designar como membro da “espécie humana”. Em compensação, esta ausência de determinações particulares é perfeitamente sinónima da presença de possibilidades indefinidas. A vida rígida, determinada e regulada por uma dada natureza, substitui-se nesse caso pela existência aberta, criadora e ordenada de uma natureza adquirida.

L. Malson, As Crianças Selvagens

domingo, 11 de novembro de 2018

Mal-estar na Civilização


A civilização tem de utilizar esforços supremos a fim de estabelecer limites para os instintos agressivos do homem e manter as suas manifestações sob o controle de formações psíquicas reactivas. Daí, portanto, o emprego de métodos destinados a incitar as pessoas a identificações e relações amorosas inibidas na sua finalidade, daí a restrição à vida sexual e daí, também, o mandamento ideal de amar ao próximo como a si mesmo, mandamento que é realmente justificado pelo facto de nada mais ir tão fortemente contra a natureza original do homem. A despeito de todos os esforços, esses empenhos da civilização até hoje não conseguiram muito.

(...) Se a civilização impõe sacrifícios tão grandes, não apenas à sexualidade do homem, mas também à sua agressividade, podemos compreender melhor porque lhe é difícil ser feliz nessa civilização. Na realidade, o homem primitivo achava-se numa situação melhor, sem conhecer restrições aos seus instintos. Em contrapartida, as suas perspectivas de desfrutar dessa felicidade, por qualquer período de tempo, eram muito ténues. O homem civilizado trocou uma parcela das suas possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança.

Sigmund Freud, Mal-estar na Civilização

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O Homem é um ser biocultural


Dizer que o homem é um ser biocultural não é simplesmente justapor estes dois termos, mas mostrar que eles se coproduzem e que desembocam nesta dupla proposição: todo o ato humano é biocultural (comer, dormir, defecar, acasalar, cantar, dançar, pensar ou meditar); todo o ato humano é, ao mesmo tempo, totalmente biológico e totalmente cultural. Comecemos pelo primeiro ponto: o homem é um ser totalmente biológico. Antes de mais é preciso ver que todos os traços propriamente humanos derivam de traços específicos dos primatas ou dos mamíferos que se desenvolvem e se tornam permanentes. Neste sentido, o homem é um superprimata: traços que eram esporádicos ou provisórios no primata - o bipedismo, a utilização de utensílios e mesmo uma certa forma de curiosidade, de inteligência, de consciência de si, tornaram-se sistemáticos no homem (...). Falta mostrar agora que o homem é totalmente cultural. Antes de mais, é preciso recordar que qualquer ato é totalmente culturizado: comer, dormir e mesmo sorrir ou chorar. Sabemos bem, por exemplo, que o sorriso do japonês não é igual à gargalhada do americano! E a coisa mais espantosa aqui é que os atos que são mais biológicos são precisamente os que são os mais culturais: nascer, morrer, casar, (...). 
Edgar Morin, A Unidade do Homem

domingo, 4 de novembro de 2018

A Criança Selvagem


Nas regiões da Índia, onde os casos de crianças-lobos foram relativamente numerosos, descobriram-se, em 1920, duas meninas - Amala e Kamala de Midnapore - que viviam numa família de lobos. A primeira, a mais nova, morreu um ano depois; a segunda, Kamala, que deveria ter uns oito anos, viveu até fins de 1929. Segundo a descrição do reverendo Singh, que as recolheu, elas nada tinham de humano, e o seu comportamento era semelhante ao dos pequenos lobos, seus irmãos: incapazes de permanecerem de pé, caminhavam a quatro patas, apoiadas nos cotovelos e nos joelhos para percorrerem pequenos trajetos e apoiadas nas mãos e nos pés quando o trajeto era longo e rápido; apenas se alimentavam de carne fresca ou putrefacta, comiam e bebiam como os animais, acocoradas, com a cabeça lançada para a frente, sorvendo os líquidos com a língua. Passavam o dia escondidas e prostradas, à sombra; de noite, pelo contrário, eram ativas e davam saltos, tentavam fugir e uivavam, realmente, como os lobos. Nunca choravam ou riam, característica que se encontra em todas as crianças selvagens. Reintegrada na sociedade dos Homens onde viveu oito anos, Kamala humaniza-se lentamente, mas, note-se, sem nunca recuperar o atraso: passaram seis anos antes de conseguir caminhar na posição ereta. Na altura da morte apenas dispõe de umas cinquenta palavras. (...) Segundo outro observador, o bispo Pakenham Walsh, que viu Kamala seis anos depois de ser encontrada, a criança não tomava qualquer iniciativa de contacto, nunca utilizava espontaneamente as palavras que aprendera e mergulhava numa atitude de total indiferença, mal as pessoas deixavam de a solicitar.

Reymond-River, O Desenvolvimento Social da Criança e do Adolescente

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Sonho

                                  
    À luz das ciências naturais, os sonhos são interpretados como excitações inconscientes da imaginação enquanto estamos a dormir. Este fenómeno ocorre na fase do sono conhecida como REM –movimento rápido dos olhos. Durante esta fase, a respiração torna-se mais rápida e irregular e os músculos tornam-se completamente imóveis. Esta fase decorre em cerca de 20% do sono e começa entre 70 a 90 minutos depois de adormecer.
    A Psicologia, por outro lado, centra-se mais na interpretação do sonho, por considerar que nos dá informações importantes sobre o modo de vida do indivíduo.
    A tentativa à interpretação do sonho foi iniciada por Sigmund Freud, quando este médico neurologista escreveu o livro “A Interpretação Dos Sonhos”. Neste livro, Freud divide a nossa mente em consciente e inconsciente, defendendo a tese fulcral de que “o sonho é a realização de um desejo”.
Freud acredita que os sonhos (o inconsciente) seguem uma lógica própria, diferente, mas, no entanto, familiar em relação à lógica do nosso quotidiano (o consciente) cuja lógica já reconhecemos.
Ou seja, o sonho, para Freud, seria a maneira encontrada pelo nosso consciente para comunicar os seus desejos à consciência. E para o significado dos sonhos ser corretamente interpretado era necessário um profissional para expor o desejo neles dissimulado.
    Estes conflitos da mente, segundo a teoria de Freud, envolviam algum trauma de natureza sexual. Esta ideia é o principal alvo de críticas a esta teoria.
Carl Jung, psiquiatra suíço e seguidor das ideias de Freud, representa também uma corrente importante no estudo da interpretação dos sonhos.
    Jung constatou que a criação de símbolos era fundamental para a compreensão da natureza humana.
    Ao contrário de Freud, Jung procura uma análise mais conclusiva da questão, valorizando bastante as imagens e os sinais durante o sono. Para ele, a imagem, as metáforas e os símbolos seriam a exibição do inconsciente.
    Jung considera que os sonhos ajudam a entender a personalidade do indivíduo e até o modo como resolve as diversidades com que se depara na vida.
    O sonho possui uma enorme variedade de princípios que tentam dar resposta a questões essenciais, mas nenhum completamente desenvolvido. A Psicologia dispõe de conhecimentos e metodologias que permitem trabalhar com o indivíduo na interpretação dos seus sonhos, contudo é de ressalvar que tudo deve ser entendido e integrado num contexto, desta forma, deve considerar-se que esta metodologia é de carater individual e não exato.


Maria Inês Garrido Lanhoso de Castro